sexta-feira, 30 de abril de 2010

Sonho de uma flauta


Nem toda palavra é
Aquilo que o dicionário diz
Nem todo pedaço de pedra
Se parece com tijolo ou com pedra de giz

Avião parece passarinho
Que não sabe bater asa
Passarinho voando longe
Parece borboleta que fugiu de casa

Borboleta parece flor
Que o vento tirou pra dançar
Flor parece a gente
Pois somos semente do que ainda virá

A gente parece formiga
Lá de cima do avião
O céu parece um chão de areia
Parece descanso pra minha oração

A nuvem parece fumaça
Tem gente que acha que ela é algodão
Algodão as vezes é doce
Mas as vezes né doce não

Sonho parece verdade
Quando a gente esquece de acordar
O dia parece metade
Quando a gente acorda e esquece de levantar
Hum... E o mundo é perfeito
Hum... E o mundo é perfeito
E o mundo é perfeito

Eu não pareço meu pai
Nem pareço com meu irmão
Sei que toda mãe é santa
Sei que incerteza traz inspiração

Tem beijo que parece mordida
Tem mordida que parece carinho
Tem carinho que parece briga
Tem briga que aparece pra trazer sorriso

Tem riso que parece choro
Tem choro que é por alegria
Tem dia que parece noite
E a tristeza parece poesia

Tem motivo pra viver de novo
Tem o novo que quer ter motivo
Tem aquele que parece feio
Mas o Coração diz que é o mais Bonito

Descobrir o verdadeiro sentido das coisas
É querer saber demais
Querer saber demais

Sonho parece verdade
Quando a gente esquece de acordar
O dia parece metade
Quando a gente acorda e esquece de levantar

Mas sonho parece verdade
Quando a gente esquece de acordar
E o dia parece metade
Quando a gente acorda e esquece de levantar
E o mundo é perfeito
E o mundo é perfeito
E o mundo é perfeito...


(O Teatro Mágico)


=*

Felicidade...


'A felicidade é um susto. Chega na calada da noite, na fala do dia, no improviso das horas. Chega sem chegar, insinua mais que propõe...

Felicidade é animal arisco. Tem que ser admirada à distância porque não aceita a jaula que preparamos para ela. Vê-la solta e livre no campo, correndo com sua velocidade tão elegante é uma sublime forma de possuí-la'

[Padre Fábio de Melo]


=*

quinta-feira, 29 de abril de 2010

ver o outro...se ver...


Aos Meus Amigos...


E fácil falar das fraquezas de qualquer ser humano, é fácil contemplarmos os defeitos, é fácil excluirmos, ignorarmos, há tanta coisa nada vida que se torna fácil pelo simples fato de não querermos sentir e vestir o mesmo sapato de quem dizemos que gostamos...

Viver apenas de um discurso que levanta a nossa auto-estima produz efeito imediato, mas, como antibiótico, com o tempo já não serve mais...

Precisamos de algo mais forte sei lá de alguma coisa que tenha ação no DNA e não apenas nas células... No entanto, esse remédio fosse tão fácil não necessitaríamos de lágrimas, de esforço, de renúncia, de lutar contra o que não vemos.

Os elogios passam e nos remetem ao mesmo palco de antes, ou melhor, a mesma platéia... O importante é nunca esquecer: Somos correspondência com destinatário... E foi na cruz o selo que nos deu vida... Muito embora, antes de mais ninguém, eu, tenha esquecido disto.

Por isto fracassamos, por acreditar em nossa própria razão em nossos músculos hipertrofiados, mas atrofiados pela incapacidade de ver no outro nossa felicidade...

(Williames Santos)


=*

quarta-feira, 28 de abril de 2010

das estações de dentro

Suspende a tristeza num suspiro. Fecha os olhos ao se entregar ao vento. O som do silêncio é que fica no ar. Num suspiro, deseja. Porque pedidos são feitos no escuro dos olhos de frente pra luz do pensamento. É uma força de sexto sentido, guardada desde muito tempo. De onde vem o pensamento antes de se tornar verdade? Encontra-se em paz quando fecha os olhos pronta pra ir a lugares que não conhece. A alma está mais leve, e os planos cada vez mais cheios... de amor?. Caminha na chuva pra regar as ideias e fazer germinar alguns sonhos com força de planta. Que nem girassol, risonho pro sol. Sente-se lagarta e ao mesmo tempo coloridamente borboleta. Mas ontem, sentiu-se mariposa. Passa igual navalha pelo passado e ao mesmo tempo assiste a vida de cima do telhado. De fora, tinha a sensação de estar sozinha no meio do mar, no vazio, em si, em nada. Achava perigoso viver. Talvez por isso sonhava. E jogava os sonhos em panos amarrados num saco que colocava nas costas. Dos seus dons favoritos era conhecer as criaturas vivas e não vivas por puro instinto. Quando os olhos brilhavam, entendia. Quando criava asas, voava.

Suspirou a tristeza num sorriso de lágrima.


(Samara Bassi)


=*