segunda-feira, 24 de outubro de 2011

O menino que carregava agua na peneira

Tenho um livro sobre águas e meninos.

Gostei mais de um menino que carregava água na peneira.
A mãe disse que carregar água na peneira era o mesmo que roubar um vento
e sair correndo com ele para mostrar aos irmãos.
A mãe disse que era o mesmo que catar espinhos na água
O mesmo que criar peixes no bolso.

O menino era ligado em despropósitos.
Quis montar os alicerces de uma casa sobre orvalhos.

A mãe reparou que o menino gostava mais do vazio do que do cheio.
Falava que os vazios são maiores e até infinitos.
Com o tempo aquele menino que era cismado e esquisito
porque gostava de carregar água na peneira
Com o tempo descobriu que escrever seria o mesmo
que carregar água na peneira.
No escrever o menino viu que era capaz de ser
noviça, monge ou mendigo ao mesmo tempo.
O menino aprendeu a usar as palavras.
Viu que podia fazer peraltagens com as palavras.
E começou a fazer peraltagens.

Foi capaz de interromper o vôo de um pássaro botando ponto final na frase.
Foi capaz de modificar a tarde botando uma chuva nela.
O menino fazia prodígios.
Até fez uma pedra dar flor!

A mãe reparava o menino com ternura.
A mãe falou: Meu filho você vai ser poeta.
Você vai carregar água na peneira a vida toda.
Você vai encher os vazios com as suas peraltagens
e algumas pessoas vão te amar por seus despropósitos


(Manoel de Barros)

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domingo, 23 de outubro de 2011

pra sempre!!



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Vivendo e aprendendo...




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Go!!



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Aço...e flores!


Sou mulher de bordados extensos. Nunca temi as demoras das tramas.

Em mim há uma infinidade de recortes, mas não sou arte que deve ser apreciada com pressa. Sou feita de detalhes antigos que carecem de contextualizações. Quem quiser que venha, mas antes se informe. Sou igual aos museus. Tenho horário para fechar.”

(Fabio de Mello – Livro: Mulheres de aço e de flores)



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domingo, 16 de outubro de 2011

Cansaço...

"Ô, Zé, ando tão desorientado, já faz tempo. E me escondo, e não procuro ninguém, e fico mastigando minha desorientação. (...) Tantos trancos. E o meu olho nem conseguindo ver mais nada bonito."

(Caio Fernando Abreu)


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Chega!


"E chega! Há anos peço o príncipe e só me mandam o cavalo."

(Tati Bernardi)


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