segunda-feira, 30 de novembro de 2009

Definição


“- Que é você, então?
- Definir é limitar.
- Dê-me um fio, um indício.
- Os fios rebentam. E você se perderia no labirinto.
-Surpreende-me. Mudemos de assunto.”

(Oscar Wilde)


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domingo, 29 de novembro de 2009

A favor de gente de verdade!



Eu sou apaixonada por palavras. Música. E pessoas inteiras. Não importa seu sobrenome, onde nasceu ou quanto carrega no bolso. Pessoas vazias são chatas e me dão sono. Gosto de quem mete a cara, arrisca o verso, desafia a vida. Tem muita coisa dentro de você? Então jogue essa porra de identidade fora e senta aqui. Pára de falar da festa. Da viagem. Das 300 horas que ficou sem dormir ouvindo tuntz tuntz. Tá bom, pode falar! Mas seja breve. Eu quero saber sobre você. VOCÊ! Você não é só uma festa, uma foto de orkut, um carro bonito que te custa caro. Você não é só um i-phone, uma tv de plasma, uma notícia barata de jornal. VOCÊ É GENTE! E gente sente. Gente ama, sofre, sente sono. E tem medo. EU TENHO MEDO. Eu, na verdade, tenho muitos medos. E um deles é que as pessoas virem apenas uma IMAGEM. Não para os outros (que se fodam os outros!), mas para si mesmo. Meu Deus, aonde vamos parar? Antes que a conversa se estenda, quero esclarecer logo. Não sou hipócrita, veja bem. Também adoro um auê, uma frescurinha, champagne boa. Tenho um ego chato que apaga fotos em máquinas alheias. Fico emburrada se a calça jeans não entra. Brigo cá com meus defeitos (que são caros, fartos e meus). E acho que todo mundo também. Mas o que vim dizer hoje não é isso. Ou melhor, é sim. O que eu quero falar na verdade é que: A GENTE PODE SER BEM MAIS QUE ISSO. Que tal preocupar-se um pouco mais com SER do que com o TER, nem que seja pra variar? Me conte suas viagens, me mostre sua história, mas seja sincero: você detestou aquele lugar que todo mundo ama! VOCÊ ODIOU, na verdade. Então pra quê dizer que foi uma viagem “do caralho” e colar aquelas fotos com aquela gente cretina bem no meio do seu mural? Não precisa fazer linha comigo, nasci desalinhada, você sabe. Lembre-se de quem você era, DE QUEM VOCÊ É. (Você se lembra?). É sua essência, tudo o que há por trás desse sorriso lindo e óculos escuros. É minha gente. Estou naqueles momentos silenciosos em que pouca coisa parece fazer sentido. Sigo a vida conforme o roteiro, sou quase normal por fora, pra ninguém desconfiar. Mas por dentro eu deliro e questiono. Não quero uma vida pequena, um amor pequeno, um alegria que caiba dentro da bolsa. Eu quero mais que isso. Quero o que não vejo. Quero o que não entendo. Quero muito e quero sem fim. Não cresci pra viver mais ou menos, nasci com dois pares de asas, vou aonde eu me levar. Por isso, não me venha com superfícies, nada raso me satisfaz. Eu quero é o mergulho. Entrar de roupa e tudo no infinito que é a vida. E rezar – se ainda acreditar – pra sair ainda bem melhor do outro lado de lá.

(Fernanda Mello)

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sábado, 28 de novembro de 2009

Medo


"O que você faria se não tivesse medo?"

A pergunta visitava sua mente de minuto em minuto, em uma repetição enlouquecedora.

Procurava centenas de respostas, mas, no fundo, já sabia.

"Arriscaria para ser feliz".

E foi assim que ela resolveu.

(M. Caldas)


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Chocolat are girl’s best friend!

(em tempos de crise mundial e hormonal, quem pensa em diamantes?)


Drummond disse uma vez que há duas épocas na vida em que a felicidade está numa caixa de bombons: na infância e na velhice. Tudo bem, eu perdôo. Drummond não nasceu mulher, nunca teve TPM. Ele não sabia que há uma época do mês, durante toda uma vida, em que a felicidade de uma mulher mora bem ali: no doce sabor de um bombonzinho. Mentira minha? Ah, não sei, não. “Naqueles dias”, meu bem, só um docinho na boca pra salvar o humor e acalmar os ânimos. Claro que - se possível – também queremos colo, elogios e um bom cafuné. Mas chocolate – ah, chocolate não tem erro! Ele está sempre ali. Nos esperando... Nos acalmando... Mandando baldes de serotonina para nosso corpo desassossegado. Um namorado também ajuda. Ou não. Quem não nasceu mulher nunca vai saber ao certo como é ser mulher. Como é ter um monte de hormônios no comando, nos deixando assim: à mercê de toda nossa loucura. Ah, Deus tenha piedade de nós! (E de todos os homens que aguentam nossas maluquices!). Temos direito universal a sermos loucas e complicadíssimas uma vez por mês e, mesmo assim, continuarmos sendo amadas e queridas por nossos amigos e amores. Já ouvi dizer que TPM é frescura. Eu confesso que não é. Ficamos chatas de verdade e ninguém – em sã consciência – quer parecer chata. (Afinal não somos burras. Ou somos?). Às vezes fico irritada. Em outras (a grande maioria), fico emotiva e comovida com todas as dores do mundo. Por favor, grifem essa parte: com todas as dores do mundo. Sofro por todas, por tudo e choro. Choro vendo o Jornal Nacional, choro ouvindo música, choro porque o humilde velhinho tirou um botão pra pagar o pão achando que era moeda... (Ah, não!!!). E choro – copiosamente e sem fim – vendo as reprises de Greys Anatomy (porque todo hospital resolve morrer bem no dia em que eu fico menstruada?). E a mão do doutor treme, o mundo treme, o queixo treme, o humor se alterna e os homens – nossa! – como eles tremem! Morrem de medo de nós porque não sabem o que os aguardam. (Se a gente mesmo não sabe, imaginem eles!).

Por isso, hoje, num dia incrivelmente comum onde nada lá fora acontece e dentro de mim TUDO ferve, eu resolvi escrever esse texto. Porque milhares de bombons Sonhos de Valsa foram atraídos para o meu contexto super hormonal e consumidos sem a mínima culpa (sim, nesse período, não existe espaço para culpas!). E agora, SÓ AGORA, posso dizer com a maior certeza e doçura do mundo: CHOCOLATE É O MELHOR AMIGO DA MULHER!


(Fernanda Mello)


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sexta-feira, 27 de novembro de 2009

Provas de amor!





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Algodão Doce


Quando eu era pequenina e espiava o mundo pelas grades do portão, via sempre um véinho passando, gritando: Ói algodão! Um dia, resolvi sair e pegar a fila das crianças. Fiquei esperando o véinho transformar açúcar em nuvens, açúcar em mágica, em pedaços de carinho. Quando ficou pronto, mal podia acreditar! Peguei o algodão nos dedos e perna-pra-te-catar! Lá de longe, o véinho gritou: Ô Ritinha, mas e o dinheeeeeeiro, Ritinha? Eu virei e respondi: Não, vô! Num picisa de dinheiro, não! Só o algodão-doce já tá ótimo! Só o algodão-doce tá bão! O véinho deu risada e logo respondeu: É mesmo, né Ritinha? Só o algodão-doce já tá ótimo! Só o algodão-doce tá bão!" (Rita Apoena)


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