"Abriu os olhos e ergueu o corpo da cama. O livro havia terminado, a televisão não transmitia um filme que ele não tivesse visto. Olhou para todos os cds expostos na estante e percebeu que a música não trazia significado se enfurnada entre quatro paredes. Precisava soltar as amarras, precisava abrir as janelas e deixar o sol entrar uma vez, precisava sair, precisava. Ir. Sem saber para onde, sem saber por quê. Tal como no dia em que decidiu que devia buscar o seu espaço e se encontrar em si mesmo. Agora era a hora de perceber o que os outros podiam trazer para que ele alcançasse o ser completo, ainda que esse ser completo só se fizesse assim por breves minutos ou segundos. O quarto não era mais suficiente, seus objetos não eram mais suficientes. Seria mais.
Mas como saber o que viria a ser? Continuava rumo ao nada..."
(M. Caldas)
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