sábado, 31 de outubro de 2009

Felicidade Relativa

(As vezes até eu me surpreendo com as reliquias que encontro nessa tal de internet...hehehehe)


Felicidade relativa?? Sim, isso mesmo... Afinal, embora seja contagiante e se espalhe como vírus entre vc e os seus, felicidade é algo singular e cada pessoa tem sua forma de ser feliz.

Cabe aqui repetir uma frase que já usei em outra postagem: "Sua felicidade, que eu respeito, não é a minha!"


vamos ao texto então...



"Mais do que qualquer coisa, o grande mistério do mundo está na compreensão da felicidade alheia. O que é razão para seus prazeres insensatos não necessariamente é a outrem. Uma singular convenção diz, no entanto, que se você não seguir padrões, não há de ser feliz nunca. Por que a felicidade de todo mundo tem de ser igual, afinal?

Tudo deu-se numa dessas conversas de bar, nas quais sou participante passiva. Passivíssima, com o perdão do neo-superlativo. Sou grande apreciadora de conversas de bar, de escritório, de faculdade, de sarjeta. Contanto que se tratem de bons papos, lá estão meu bom ouvido e minha abençoada paciência. A boca, no entanto, engata por vezes, e timidamente, na primeira –- e volta logo ao ponto morto.

Um novo amigo teve a sorte, ou não, de conhecer minhas características de gente estranha ao mundo convencional. A pauta da noite, como já estou acostumada há mais de vinte anos, foi a minha vida de menina careta. “Eu não como carne”, foi o ponto de partida à discussão calorosa, seguida de um “também não bebo”. “Mas então tu não és feliz!”, foi o que me disseram. É o que me dizem há mais de vinte anos.

É de se pensar, óquei, se a pessoa que se conheceu há alguns minutos é ou não feliz sem o prazer das coisas que nos dão tanto prazer. Se (é o que eles dizem) é-se feliz sem ter no estômago um boi a altos níveis etílicos. Eu pensaria o mesmo de um ser incrivelmente peculiar que nunca tivesse provado o doce sabor da vida –- o chocolate, quero dizer. Mas eu lhes garanti: “sim, juro que sou feliz sem o boi ou a cevada”.

Há o que me faça rir e falar bobagem sem qualquer teor alcoólico. Ou o que satisfaça minha fome sem o sangue de outras espécies. Mas entendo perfeitamente quem precisa disso pra viver, assim como eu preciso do chocolate. E entendo perfeitamente –- e gosto também –- quem solta com facildade a língua em conversas de bar. Eu não consigo, mas ouvir, eu garanto, me dá uma felicidade inenarrável.

Existe gente feliz sem religião, assim como creio serem felizes os monges que passam os dias a rezar. Há quem seja feliz trabalhando ou fazendo nada a vida inteira. Há até quem diga que é feliz estudando matemática (nossa!). Só não creio que haja felicidade em quem não permite que outros o sejam.

Nada de bifes, cervejas ou verbosidade em bar. Tenho certeza que nada me faria mais feliz que uma boa companhia, a palavra final de um livro ou um banho de chuva. Além de ouvir. E só ouvir."

(Luana Duarte Fuentefria)



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