terça-feira, 13 de outubro de 2009

A casa de porta sempre aberta



Quando o último saiu
deixou a porta entreaberta
para que a saudade
adoessece a lembrança
dos que tinham partido antes

Deixou também as plantas sem água
e algumas cartas de amor antigas
enterradas debaixo de um taco solto

Por muito tempo as lembranças
perseguiram os antigos moradores
adoecendo suas lembranças primeiras

Mas num dia ensolarado
após o ínício da nova estação
o menino cheio de esperança, do alto
em cima do toco de uma árvore cortada
fez a sagração da primavera
lembrando que podemos cortar o passado
se plantarmos mudas novas
protegendo os que ficam
podemos nos salvar
nas novas promessas cultivadas

O pequeno girassol recém semeado
podia até não vingar desta vez
mas quantos outros girassóis
e árvores ainda plantaremos
nesta casa onde as portas
estão sempre abertas
(Carol Timm)

=*

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