quarta-feira, 2 de setembro de 2009

Eu? Enfim...


• Eu sou abismo e silêncio. Nada no mundo me conhece por completo e por vezes - muitas - até eu mesma me desconheço, me surpreendo e me faço plural.

Eu jamais me deixaria ser decifrável; sou no máximo desbravável e um pouco surpreendente. Sou uma dúvida gritante, um imenso ponto de interrogação cuja pergunta a vida ignora e a resposta nunca me foi cabível ou aceitável. Sou um pouco de Clarice Lispector. Sempre me considerei um absurdo, mas com ela descobri que o mundo sempre tem um alguém-absurdo, com uma lucidez latente e um olhar de extremo cuidado.

Meu apego é de extrema dificuldade, talvez porque todo fogo que absorvo faz geleiras de indiferença. E isso me dói por algum momento. Mas aí é hora de conhecer o outro lado: se me apego, me torno capaz de parar o tempo dentro de mim, esquecer as horas que me prendem e me atirar sem freios à essa duvidosa liberdade.

Gosto das pessoas porque gosto, nunca tive a pretensão de querer mudá-las. E sou sincera, muito mais do que me é permitido ser. Suponho que saber o que se sente por mim seja bem fácil: ou gosta, ou não gosta. Eu me permito à facilidade e o sarcasmo das coisas.

Eu sou um quebra-cabeças de mil peças, que nem a existência conseguiu montar e me jogou no mundo, para que eu mesma trate de encontrar meus outros pedaços. E são tantos que mal me encontro. •

(Lizzie Pohlmann)


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