domingo, 6 de fevereiro de 2011

Última Cartada

Deixa o atraso furar a fila do medo, da rotina. Nem mesmo o tempo pode parar. Os detalhes acontecem nos olhos da paixão contida no peito. O saber, o desapego enclausurado nas conversas, nos bastidores de um amor esculpido por uma felicidade verde oliva. É no batente da porta fechada na cara, que tuas manhãs continuam mornas. Assadas na forma junto ao bolo de canela com chocolate. Teus vacilos se prenderam na babilónia já extinta. Esse maldido coração é uma peça que se solta aos poucos, desse joguinho estilo playmobil corriqueiro de sorrisos forjados.
Reconheço teu rosto maquiavélico, no altar de minha estupidez. Jogo cartas de um baralho desconexo. Essa paciência limitada refaz toda a frieza desse teu sorriso torto. Ontem a lua jogou pedaços de seus amores entre as minhas mãos. Pela manhã devolvi ao sol todas as suas lamúrias. Não importa se esse amor é tão bonito. Nem se todas as minhas vaidades estão sendo jogadas aos seus pés novamente. Não quero estender essa loucura. Tá tudo tão elegante, tão discreto guardado nesse buraco de idéias fixas. Não vou te mostrar as chaves de minha auto-destruição, nem vou me mostrar por inteira. De novo você vai pedir pra sair e nunca mais vai voltar.
Deixa teu espaço em branco, feito nuvem embassada querendo chover. Deixe que a vidraça da sala se estilhace junto à esse peito de concreto moldado a mão. Nem os enfeites que foram criados em tua ausência me deixaram sorrir. Guarde a névoa. Guarde as lembranças no vazio que um dia foi preenchido e me espere com uma taça de champagne Veuve Clicquot entre as mãos, na bravura de sua esperteza não se engane, como cantava Cazuza "Quem tem um sonho não dança", sei exatamente onde sua valsa ainda alimenta meu jazz moderno. Agora com sua licença vou desmontar estrelas desse meu jogo racional e contar as notas de sua performance como o último romântico...
(Ju Fuzetto)

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